Os Serviços Psicológicos online.
Boa tarde,
Ainda devem existir muitas dúvidas sobre os serviços psicológicos, e a sua realização por meios tecnológicos, e é o que se pretende esclarecer neste Post.
Quando se fala de atendimento psicológico logo se imagina uma conversa com alguém buscando te consolar, ou o clichê estabelecido pelas novelas onde o profissional ouve sem reação e até dorme em uma sessão. Mas na prática é um pouco diferente. O profissional de psicologia lida com muitos tipos de pessoas com histórias diferentes e diversas, e se fosse tão fácil assim não se precisaria de sensibilidade, estudo e horas de comprometimento com uma ou umas individualidades, não é mesmo?
O psicólogo se forma para promover a arte do encontro, que só pode ser concretizada quando o encontro é primeiro feito intimamente. Vemos que tem sido cada vez mais difícil encontrar a proposta do equilíbrio, uma vez que nossos conflitos, tem por uma vez e outra, origens na forma como nos relacionamos em nossa vida. Passamos tempo demais em relações irreais, ideais e inventadas, onde não escutamos, entendemos ou sentimos o outro.
Com as dificuldades pós-modernas de tempo, facilidades extremas e muitos meios tecnológicos de comunicação, a forma de se relacionar se complexificou sem que ela tivesse se consolidado no encontro. Como podemos utilizar a tecnologia a nosso favor e personificá-la, sem deixar que ela nos despersonalize? É um desafios para todos que estabelecem comunicações online ou através dos meios tecnológicos.
A resolução 011/2012 do CFP (Conselho Federal de Psicologia), estabelece as regras para o atendimento online, no que se refere ao relacionamento profissional por via de meios tecnológicos. Essa resolução estabelece que deverão ser realizados no máximo 20 encontros síncronos ou não, para que se mantenha a qualidade no tratamento das questões humanas. A definição de regras básicas para o relacionamento virtual em caso de atendimento, foi necessária para que o profissional conseguisse manter os objetivos e o foco no tipo de relação a ser estabelecida.
Vemos todos os dias as dificuldades de comunicação estabelecidas por meios tecnológicos dada a sua impessoalidade, a grande quantidade de informações, muitas vezes desencontradas ou inverídicas. A imersão que acontece quando se utiliza desses intermediários da comunicação, muitas vezes confunde os sentidos, e estimula por um certo conforto, o vício em sua utilização. Os sentimentos passam assim a não serem compreendidos empaticamente na forma como se apresentam, já que a utilização sistemática e contínua desses intermediários, desestimula o contato real e o interesse na veracidade do que é real no outro. Um mundo aparte passa a ser criado, estimulando linguagens diferentes daquelas compreensíveis pela experiência do contato, gerando desencontros e incapacidades crescentes da manutenção dos laços reais.
A fonte do relacionamento humano é o homem, e a significação que dá e vive no presente e para a sua existência. Nenhum tipo de noticia, ou fato, deve ser capaz de substituir com sucesso o sentido de sua existência e as bases construídas pela sua história. Meios são apenas caminhos para que uma dada comunicação seja estabelecida de forma mais acessível, não substituindo a veracidade dos fatos vividos em realidade. Por saber disso, o profissional que faz qualquer atendimento por meio do computador, sabe que seus resultados serão limitados e que dificilmente conseguirão resolver questões mais sérias e que necessitem de atenção contínua.
Ao colocar o ser humano como protagonista de sua história, ele passa a entender que sua vida ultrapassa a condição de estar conectado, aprendendo assim a lidar com os limites existentes na origem de quaisquer meios que desejam se tornar fins, e não meios, para a sua existência.
escrito por Thalita Ribeiro.