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Por onde recomeçar?


Por onde recomeçar? Quais os fenômenos externos que pode me indicar o que fazer? Quais as fórmulas que fazem eu me perceber melhor e me sentir bem comigo mesma?


Essa pergunta cabe em muitos contextos e para uma infinidade de situações. Ela não direciona, ela apenas indica uma oportunidade de "fazer diferente" frente a um abismo. Indica um estado de coisas que não reconhecemos como nosso ou não nos reconhecemos nele! Estar livre, estar disponível, não nos remete a uma sensação conhecida, e em muitas vezes é desconfortável. O desconforto vem do espaço não conhecido, da presença de pessoas não conhecidas, de hábitos novos e muitas vezes do estado desconhecido, da solidão! Permanecer perto ou longe, literalmente, não faz diferença. A presença do desconhecido e do desconforto nos habitam! A ausência de significados satisfatórios nos impedem de estar nos apropriando do momento existente e de nos reconhecer como parte e participantes deste presente.

Então, se sentir recomeçando é deixar para trás referências, mas não é recomeçar do zero! Existem limites muito tênues entre coisas que queremos determinar para nos sentir seguros, e coisas que não são "determináveis", deixando uma margem saudável para o viver. Estar aprendendo e construindo requer maleabilidade, mas não exatamente eliminar aprendizados importantes na sua edificação como ser humano. Recomeçar nos remete a novos significados, horizontes, a possibilidades desconhecidas, mas estruturadas na presença de si mesmo. A não presença e a realização de atividades mecânicas, prolongam a sensação de ausência de novidade, de tédio, e de impossibilidade de viver ou ver as novas coisas e as coisas como novas. Podería-se citar a semelhança entre o ato de derramar um líquido fora de um recipiente, se não há recipiente (estrutura interna) não há a possibilidade de construção, a possibilidade de acumulo, e nem a possibilidade de construção de novos significados.

Quando não há um horizonte certo, não há o que escolher pois as possibilidades não existem. Nesses casos, elas precisam ser construídas, e nesse caminho de construção a única coisa que se pode ter, é a si mesmo durante a caminhada! Caminhar consigo, significa observar muito mais do que agir, pois ainda não se sabe exatamente como fazer, o que fazer, e os acontecimentos ecoam até que os possamos pegar e ressignificar como experiências ou como referências de vida para os próximos passos. Os contextos de vida são complexos, não adianta tentar repetir coisas que já deram certo, pois não encontram eco em si como caminhos válidos. Você pode fazer o que quiser, dentro do que é lícito socialmente, e daquilo que não fira as possibilidades do que você pode ser! O que você quer? Uma pergunta que é simples e complexa ao mesmo tempo.

Ser bem sucedido envolve o mínimo de oportunidade, com o máximo de construção pessoal. O ideal seria equilibrar as duas coisas, que na maioria das vezes não se encontram em equilíbrio. Se dentro de você há o que te agrada, você constrói as oportunidades, se não há, você fica esperando que elas surjam. E esperar significa depender de outras pessoas, o que pode demorar infinitamente, pois as mesmas também podem estar perdidas. Sendo assim...aprender a ser construtor de si mesmo requer disciplina, senso de si mesmo, e de oportunidade, mas é a transformação que significará para o resto de sua vida a renovação contínua.


Escrito por Thalita Coutinho Ribeiro



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